sexta-feira, 18 de novembro de 2016

— Coleções de um menino.

Já eram seis da manhã e tudo parecia do mesmo jeito, a mesma vidinha chata, monótona e cheia de decepções. Mas o engraçado disso tudo era que eu tinha um motivo pra acordar nesse horário: a cafeteria, perto da faculdade, costumava abrir nesse horário, e tinha o melhor café da cidade. Claro, é óbvio que eu não iria lá apenas pra tomá-lo… Fazer o que se minha carne é fraca e ela tão bela. Afinal de contas, o primeiro tempo de aula só eram três horas depois. Mas valia a pena chegar nesse horário, porque dava pra ver em seus olhos que ela odiava acordar cedo. Então ela ficava de bico e com cara de rabugenta, querendo voltar pra cama. Você deve se questionar o porquê eu gostava disso, mas a resposta era simples: ela ficava linda fazendo bico. 
Uma garota estatura média, morena de cabelo longo e com os olhos negros que brilhavam mais que as estrelas. Me perguntava onde estariam as asas dela, pois, se não fosse um anjo, bom… Então não sei o que ela era. 
Seu nome era Anne — eu só sabia disso, pois estava escrito em seu avental — morria de vergonha e não tinha coragem de falar com ela, imagina então, coragem pra convidá-la pra sair, pois é, não tinha. 
Sentado na última mesa que ficava ao lado da janela, onde podia assistir o movimento dos carros, pessoas e até mesmo dos pássaros, enquanto espera ela me atender. Meu coração acelerava sempre quando ela vinha em minha direção anotar meu pedido e hoje não estava sendo diferente.
— Bom dia! Vai querer o mesmo de sempre? 
— Sim, por favor — o sorriso dela era tão simples, mas ao mesmo tempo acordava as borboletas no meu estômago.
Ao se passar alguns minutos, lá vinha ela novamente com a bandeja. Sempre pedia um cappuccino médio e cinco pães de queijo.
— Com licença, aqui está o seu pedido, mas alguma coisa? 
— É… N… Não. Muito obrigado. 
Quando ela seguia o seu caminho de volta para a cozinha ela se virou e me olhou nos olhos. Nunca imaginei que ela teria essa dúvida, que ela teria a curiosidade de saber isto, mas então ela me perguntou. 
— Desculpa a curiosidade, mas você sempre vem aqui no mesmo horário, todas as manhãs. Já é de casa, mas nunca soube teu nome. 
— Aaah… É… Me desculpa, meu nome é Caleb, Caleb Green— não precisava de um espelho, mas era algo notável que eu estava vermelho de tanta vergonha. 
— Muito prazer, meu nome é… 
— Anne!
— Anne… Prestor — ela me olhava de forma assustada. 
— É que está escrito no teu avental, me desculpe — envergonhado apenas olhava para minha refeição, mas quando a olhava novamente ela estava rindo e isso me deixava nas nuvens. 
Então alguém do outro lado gritava, chamando a garçonete para fazer o pedido. 
— Ah, sim. Tinha me esquecido desse detalhe. Prazer em conhecê-lo. Vou indo, que estão me chamando.
Aquele momento via meu coração na garganta, minhas mãos estavam suando, meu Deus… Ela era perfeita.

http://renunciei.tumblr.com/post/145334619090/j%C3%A1-eram-seis-da-manh%C3%A3-e-tudo-parecia-do-mesmo

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